
Setembro será sempre aquele mês em que prefiro que não me digam nada, que me façam sentir que sou louco e que não tenho ninguém, porque no fundo, não tenho mesmo ninguém. Por mais que me digam que tenho, que só tenho de acreditar, que só tenho de parar de pensar da forma que penso, não tenho ninguém. Esta será uma ideia a ser desenvolvida ao longo deste texto. Há excepções, como tudo na vida, mas serão elas suficientes para tudo o que envolve? Duvido. A força que este mês tem nos meus pensamentos malditos passa precisamente pela idealização de que tudo só pode piorar. Recentemente, coloquei precisamente numa rede social que "já devia saber que tudo aquilo que mais gosto, vou perder". Alongo a ideia: já deveria saber que tudo é efémero. A vida são apenas uns míseros dois dias e em ambos eu apenas tento fazer por sobreviver apenas mais uns minutos. Fazendo a divisão desta frase, permitam-me que diga que: são 12 horas para passar pela infância e eu começo a duvidar que as tenha aproveitado; 12 horas na adolescência, as quais passei por momentos mais baixos que altos; 12 horas a ser um adulto activo e a realizar todos os sonhos e eu só estou a viver os pesadelos; 12 horas para colher os frutos de toda uma vida e esperar poder partir desta vida com um sorriso. E quem quero eu enganar? Ninguém.

Setembro traz o frio que não sinto, o vazio que ofusco entre sorrisos. Setembro é isto. É o olhar para os outros e pensar "eu dei tudo de mim e o que recebi foi ficar cada vez mais vazio, cada vez mais só, cada vez menos esperançoso." Esperança? Setembro tirou-ma depois de ma ter dado. E tudo o que resta é isto. Eu não vou falar sobre isto, porque não quero. Porque chega-me escrever estas linhas. Não preciso de perguntas. Tudo o que preciso é do silêncio e de ser entregue à solidão a que pertenço desde que nasci. Não preciso de mais nada.
"And to scream confessions at the insipid sky parting clouds.
You let this one person come down in the most perfect moment.
And it breaks my heart to know the only reason you are here now is
A reminder of what I'll never have
(...)
For as much as I love Autumn,
I'm giving myself to Ashes."
(E gritar confissões às nuvens insípidas que partem dos céus
Tu deixas esta tal pessoa chegar no momento mais perfeito
E parte-me o coração saber que a única razão pela qual estás aqui neste momento
É uma lembrança do que nunca terei
(...)
Por muito que eu ame o Outono
Eu entrego-me às cinzas)
» From Autumn To Ashes - Short Stories With Tragic Endings «
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