"Um Báu no Sotão" por Raquel Marques

O post de hoje vai ser um pouco diferente do normal. em vez de ser algo feito por mim, vou deixar aqui este texto de uma amiga minha. Trata-se de um desafio que eu lhe propus e que eu próprio já o tive de realizar. O premissa é simples. Escrever sobre  "um  baú no sotão". O resultado foi este que agora vos apresento.

https://jolifebeautiful.wordpress.com/2016/01/03/can-your-heart-change-colour/grey-zen-stone-in-shape-of-heart-on-sand-background/"Hoje acordei peguei em mim meio sonolenta, arrastei o corpo cama fora, uma vez que  a vontade de fazer alguma coisa já se havia dissipado há muito, olhei-me ao espelho com o ar meio ensonado e achei que era hora de mudar. Estava na hora de quebrar todas as regras fazer as malas e ir. Aquele sótão velhinho cheio de bagunça amontoada há muito que não sentia a minha presença, o meu cheiro, e hoje estaria a senti-lo tendo em conta a mala de viagem que procurava. Dou por mim parada a olhar para o velho baú. Baú aquele carregado de um misto de sentimentos por tudo o que nele continha. Como o dia era longo, decidi sentar-me. Tive sensivelmente 30minutos frente a ele, até que ganhei coragem de o abrir. Comecei a vasculhar e voltei ao meu 10ano de escolaridade, quando era feliz e não fazia ideia, quando as responsabilidades ainda não me pesavam sobre os ombros a não ser a de trazer boas notas para casa. Ri com fotos que encontrei, chorei por textos soltos que li e que na altura tanto sentido faziam. Encontrei matérias de estudo para objectivos que até hoje nunca foram alcançados. Deparei -me com um coração em forma de pedra que me fora oferecido por uma pessoa muito importante, quando Inglaterra me acolheu de braços abertos, e voltei aquele tempo em que eu tinha tudo só que ao fim ao cabo eu não tinha nada. Encontrei memórias de um passado não tão longínquo, que me fizeram questionar o meu ser, a minha força, a minha garra, que se havia perdido de há um ano e meio para cá. Quando tinha tudo o que era preciso para ser feliz, e de um momento para o outro me tiraram o chão

E fui perdendo tudo como algo que queres agarrar mas que por alguma força suprema não te deixe fechar a mão para as manteres. Naquele momento senti um choque da realidade a subir-me pelo corpo acima, tudo o que eu mais desejava eu já tinha conquistado, mas pela injusta situação com que me deparei com os meus 23 anos de idade não fui forte o suficiente como deveria ter sido para manter tudo o que tinha de bom, mesmo tendo em conta todas as adversidades da vida , que me tinha feito uma rasteira, e quando dei por mim havia perdido tudo o que um dia eu sonhei ter.
Fechei o baú, não queria ver mais, não queria sentir de novo todas aqueles sentimentos que me tinham deitado abaixo, não queria recordar como era ter , se hoje já não tenho. Rolou uma lágrima pelo rosto abaixo, e outra e assim consecutivamente. Nisto quando olho para cima e me questiono a Deus o porquê, deparo-me com um pássaro que tinha pousado na janela daquele velho sótão, e ele parecia que estava ali a observar-me, como se uma mensagem "Não estás sozinha e nunca estiveste, és mais forte do que tu própria acreditas", não há palavras para descrever. Então decidi que chegava de fugir, estava na hora de parar e arcar com as consequências dos meus próprios erros das minhas próprias escolhas, doa o que tenha que doer, estava na hora de me reerguer, como a fénix reergueu das cinzas, e finalmente poder começar a viver. Desci para o meu quarto, sentei-me na cama em frente ao espelho tentei procurar pela Raquel que se havia perdido, e eu consegui ver o olhar dela de novo. A partir de agora, seja o que tiver que ser."
Raquel Marques

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