Divagar como quem Navega

Não consigo evitar ouvir a Sometimes It Ends de Asking Alexandria enquanto escrevo este texto. Digo-o porque, de facto, é a única coisa que vejo neste momento. Que as coisas podem acabar. Que os outros podem cair. Eu prefiro manter-me de pé. Lá porque vivo numa realidade destrutiva distorcida, não significa que não seja capaz de brilhar mais que os outros. Nem é isso que vem ao acaso. Neste momento, a única coisa que me importa realmente é saber aquilo que fiz ao longo deste tempo todo. Podia enumerá-las e tornar este texto mais curto que a carreira da Amy Whinehouse. Ou mais misterioso que a própria imagem de Carlos Fradique Mendes. Não...vou fazê-lo como gosto e escrever até que me aborreça. E sim, esta minha atitude é um dos grandes muros que me impedem de já ter escritos uns quantos livros ou ter feitos umas quantas músicas novas. O meu maior defeito? Aborrecer-me.

É verdade que tenho saudades tuas. O mais engraçado disto tudo, é que é a primeira vez que o digo abertamente. A vida muda e continua. Eu ganhei novos focos, é um facto. Não que a tua partida tenha influenciado esses novos focos, pelo contrário, procurei neles o refúgio que precisava para me manter de pé e continuar na luta pelos meus objectivos. Também é verdade que, apesar de novos focos, o meu desinteresse aumentou e hoje limito-me a fazer o melhor dentro dos mínimos das minhas capacidades máximas. E resulta, porque em momentos que todos pensam que já não vão dar em nada, a surpresa acontece. Outra coisa que resultou bem, é que permitiu-me ser mais honesto comigo próprio. A maior parte das pessoas não gosta é disso, mas prefiro manter-me fiel à minha própria identidade. Obrigado por isso. Só ainda não conheci ninguém que seja digna do lugar que tu deixaste vago, até porque o lugar que tu ocupaste não é um simples lugar. Era o lugar. Aquele mesmo. A vida continua e resta-me, à distância, olhar para ti e ver que estás a dar-te bem na vida e a ser feliz, longe de mim, sem mim. A melhor coisa que fiz? Conhecer-te!

E nisto o tempo passa e eu começo a aborrecer-me de tanto escrever. Canso-me porque de tudo o que queria falar, só falei pela metade e faltou-me o essencial. É um erro comum que cometo. Procurar a perfeição ou tentar ser tão específico quanto possível. Dizer tudo em tão poucas palavras, mas ser tudo em menos acções. Coisas simples. Não é só nisto que falho. Falho em muitas outras coisas, como por exemplo não ser o suficiente para quem é tudo para mim. Não é que eu me esforce, porque o nosso melhor não deve ser forçado a sair, deve ser algo natural. Eu é que sou o meu pior inimigo e penso que podia sempre dar mais um bocadinho, seja na escrita, na música, nas pessoas. Aquele bocadinho mais. Um dia vou pegar nestes três bocados de nada e fazer deles um tudo. Talvez ainda hoje ou talvez só amanhã. Um dia em que não me aborreça. E isto é uma das muitas razões pela qual me fazes falta. Porque quando eu estava em baixo, tu estavas lá. Quando eu estava lá em cima, tu continuavas lá. No meu melhor e no meu pior. Quando eu me aborrecia, tu davas a volta e davas-me uma nova motivação, até porque não havia melhor motivação que o teu sorriso. A minha maior falha? A incapacidade de não me aborrecer. O meu pior defeito? A incessante procura por mais. A pior coisa que fiz? Perder-te. E perder-me.

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